A leitura entrou na minha vida como uma magia, minha querida mãe, veio do
Japão, já adulta, tinha dezessete anos, logo que chegou aqui se casou, não
falava português. Eu lembro-me, ainda bem pequena, ela falava comigo e com meus
irmãos em japonês. O tempo foi passando e chegou o momento de irmos para escola,
o meu irmão mais velho teve paralisia infantil quando era bebê, caminhava com
muita dificuldade, mas mesmo assim, ela fez de tudo, para que fóssemos para
escola. Toda vez que ela tinha que fazer uma leitura como ler a receito de um
bolo, lia suas receitas escrita em japonês, e eu sentava do lado dela para ver.
Mas quando viu que eu aprendera a ler na escola, pedia para ler as receitas das
caixinhas de maisena, para que ela pudesse escrevê-las em japonês. Mesmo não
sabendo ler em português, foi uma mãe dedicada, não nos deixou faltar nada
apesar dos tempo difíceis, comprava os livros a prestação do vendedor que
passava nas casas vendendo livro, tinhamos enciclopédias, histórias de fadas era
para mim, e gibis para os meus irmãos, sinto saudade do meu tempo de criança,
tudo muito simples , mas com grande valor, passava horas lendo para os meus
pais, as vezes ela lavando as louças na pia, e eu sentada na escada lendo para
ela, isso me fazia sentir feliz.
Hoje sou professora de português, porque desde muito cedo aprendi a
interagir com a leitura e escrita pelas dificuldades de meus pais.Como Rubem
Alves diz em seu depoimento, a literatura é um processo de transformação da
alquimia, temos que devorar muitos livros( ler muitos livros), de diversos
autores, para se transformar. E foi lendo Sidney Sheldon, série reencontro, a
ilha pedida, Poliana menina, A Mina de ouro, Machado de Assis, José de Alencar,
Marcos Rey, Fernando Pessoa, série vaga lume, e outros que tomei o gosto pela
leitura.
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